Pular para o conteúdo

13 de agosto de 2008

Como são feitas as pesquisas eleitorais

por cila schulman

• Matéria da Larissa Morais no Último Segundo do IG:

Raio-X das pesquisas

Primeira etapa da pesquisa, a entrevista pode ser feita em domicílio ou na rua. Geralmente os institutos procuram escolher um número de pessoas que represente a população daquela cidade: X mulheres, Y homens, Z idosos. Para definir as amostras da população em estudo, os institutos se baseiam nos dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O Ibope, por exemplo, escolhe quem e quantos serão entrevistados em duas fases: seleção probabilística dos setores censitários do IBGE pelo método PPT (Probabilidade Proporcional ao Tamanho, ou seja, em relação ao tamanho da população); seleção por meio de quotas proporcionais de sexo, idade, grau de instrução e setor de dependência econômica, também em relação ao tamanho da população.

O Ibope mantém um quadro de pesquisadores fixos, mas em anos eleitorais são contratados temporários. Todos precisam ter pelo menos o ensino médio completo. A maioria das pesquisas do instituto é realizada em residências. O trabalho é feito em duplas e a empresa volta à casa de 20% dos entrevistados para checar a aplicação do questionário. Outra forma de aferir a qualidade da pesquisa é a conferência por diferentes funcionários dos dados colhidos pelas pessoas que foram para as ruas.

O eleitor pode se perguntar se apenas mil entrevistas numa grande cidade, por exemplo, são suficientes para refletir o quadro político local. Segundo os institutos, o mais importante é a qualidade da amostra, e não o seu tamanho. Ou seja, o quanto aquele grupo se parece com o total da população pesquisada.

A margem de erro significa que a pesquisa não é confiável? Como os institutos não entrevistam toda a população, o erro amostral existe em toda pesquisa. A margem de erro é calculada com base no tamanho da amostra e nos resultados obtidos. Quanto mais diversificada for a população, maior é o erro.

Já o nível de confiança significa a probabilidade de o intervalo de confiança conter o percentual que se deseja estimar. Imaginemos um candidato que tem 42% de intenções de votos, a pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. Isto significa que se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista.

Outra dúvida comum entre os eleitores é o empate técnico. Se um candidato aparece numa pesquisa com 33% e seu adversário 30%, é possível dizer que estão empatados? Sim, desde que a margem de erro seja de três pontos percentuais para mais ou para menos. Com três pontos, o primeiro candidato estaria entre 30% e 36%. O segundo estaria no intervalo de 27% a 33%. Ou seja, o percentual real dos dois candidatos poderia ser o mesmo.

Além dos erros amostrais, que podem ser calculados, também existem erros como dados desatualizados, entrevistadores mal treinados, questionários mal elaborados ou fatos inesperados na campanha eleitoral. Um erro no cálculo dos índices também pode levar a interpretações diferentes da pesquisa. Como no caso da pesquisa Ibope de Fortaleza, em que houve um erro de divulgação.

Em uma eleição, é possível fazer pesquisas não só para saber em quem o eleitor votaria ou que candidato tem maior índice de rejeição. Os institutos podem perguntar o grau de aprovação ao governo, os principais problemas, o grau de interesse pelas eleições, a avaliação do atual governante.

Outros institutos

Já o instituto Datafolha, vinculado ao jornal Folha de S. Paulo e atuante desde 1983, faz as pesquisas eleitorais por amostragem estratificada por sexo e idade com sorteio aleatório dos entrevistados. Os questionários geralmente são aplicados na rua. O universo da pesquisa é composto pelos eleitores com 16 anos ou mais.

Em pesquisa divulgada pelo instituto no dia 24 de julho, o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) admitiu ter acionado várias subprefeituras para que adotassem “ações” nos locais onde entrevistadores estavam realizando o levantamento. O prefeito se justificou dizendo ter mobilizado os subprefeitos para evitar o que chamou de “interferências negativas”.

Na ocasião do escândalo, o instituto Datafolha disse que é impossível influenciar os resultados das pesquisas eleitorais em razão das medidas de controle, e que “movimentos estranhos são notados e descartados”.

A reportagem do iG pediu entrevistas com os institutos Datafolha e Vox Populi (empresa de pesquisa sediada em Belo Horizonte e fundada em 1984), mas não obteve resposta.

Leia mais de Eleições

Deixe um comentário

Observação: HTML é permitido. Seu endereço de e-mail nunca será publicado.

Assinar os comentários